As perspectivas para a inflação em Angola, não considerando a superior análise dos peritos dos peritos do MPLA, mantêm-se negativas nos próximos meses, estimando-se que chegue aos 24% no final de 2020, segundo o gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA).
A nota informativa refere que a inflação homóloga, que foi de 16,9% em Dezembro, deverá ir subindo gradualmente “em resultado dos efeitos desfasados da significativa depreciação em Outubro, devendo chegar perto dos 24% no final de 2020”.
Em resultado disso, a política monetária deverá manter-se restritiva, servindo igualmente para conferir estabilidade ao mercado cambial.
“O Banco Nacional de Angola (BNA) continua a manter um equilíbrio delicado entre a política cambial e a política monetária, sendo que as actuais perspectivas para a inflação nos próximos meses são negativas, não dando margem para qualquer alívio”, diz a nota.
O documento adianta ainda que “as actuais ferramentas são adequadas para lidar com a gestão da liquidez, com o BNA a regular a cedência de liquidez ao mercado consoante considera necessário para um normal funcionamento do mesmo”.
Se as perspectivas se agravaram, “as mudanças deverão ocorrer ao nível das reservas obrigatórias, mas tal não parece provável para já”.
Na segunda-feira, após a reunião do Comité de Política Monetária, o BNA decidiu manter inalterados os vários instrumentos de política monetária, com a taxa de juro nos 15,5% e o coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional nos 22%, sendo 15% para moeda estrangeira.
Uma decisão “consistente com a actuação recente do BNA, ao manter uma política monetária restritiva, acompanhando a pausa nas descidas da taxa de referência por ferramentas mais directas (e eficazes) de restrição da liquidez”.
Segundo a nota do BFA, as intervenções do BNA no mercado, em conjunto com a liquidez absorvida na compra de divisas pelos bancos (ao banco central ou às petrolíferas) “é verdadeiramente o que tem pesado na liquidez da economia, ao invés da ferramenta mais convencional da taxa de referência”.
O que é inflação?
Esta palavra vem da economia e representa um aumento nos preços dos produtos durante um certo período. Quando isso acontece o dinheiro perde um pouco o seu valor, por exemplo:
A mãe Maria deu à filha 50 euros para ela passar a semana e no final de semana ela sai com as amigas e vai ao cinema, depois vai lanchar. Vamos ver os gastos dela no final de semana: Transporte: 5 euros, cinema 15 euros, lanche 20 euros. Assim, ela gastou 40 euros, pelo que ainda ficou com 10 euros,
Passando alguns meses a filha de Maria percebe que do dinheiro que a sua mãe lhe dava (os tais 50 euros) já nada sobrava e ela não compreendia a razão. E isso acontecia porque o transporte passou a custar 6 euros, o cinema 19 euros e o lanche 25 euros. Eis a inflação. Os mesmos produtos ficaram mais caros.
A inflação de forma alguma pode ser considerada como algo bom. Mas daí vem a pergunta. De onde vem a inflação? Como é que ela surge?
A inflação pode ser causada por três factores que estão ligados directamente à economia. A procura de produtos; a quantidade de moeda no mercado; e alta dos preços na produção.
A inflação acontece quando a procura de determinado produto é muito alta, e como no mercado não há capacidade para responder a essa procura, os produtores acabam aumentado o valor do bem para que exista um equilíbrio, sem contar que a sua margem de lucro também acaba aumentando.
No caso da quantidade de moeda no mercado, o principal responsável é governo, que acaba a produzir e a pôr no mercado um quantitativo de papel moeda muito grande. Quando isso acontece, o mercado por estar muito bem abastecido com dinheiro, faz com que os preços dos produtos acabem por subir, pois a população tem fartura e quer gastar.
Relativamente à alta dos preços na produção: Para se produzir algo, é necessário ter os materiais para produção e os equipamentos, além da mão-de-obra. Pode acontecer que o valor desses bens necessários para a produção de um determinado produto aumente, e quando existe esse aumento ele tem que ser repassado para o consumidor (o aumento do petróleo leva logo ao aumento da gasolina).
Folha 8 com Lusa